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Eleições anteriores


Nas eleições para presidente do Brasil até agora, meu votos foram os seguintes.

Até 1974 = eu não tinha idade para votar, mas mesmo que tivesse, a ditadura não me convidaria.

1974. Candidatos Geisel e Ulysses (anti-candidato). Provavelmente eu não votaria (se tivesse idade, porque a maioridade aos 16 é posterior) mas a ditadura não me convidaria a votar. Com todo o respeito ao Ulýsses, que sempre foi o deputado em que o meu pai votou, e ao vice Barbosa Lima Sobrinho, aquilo não era uma eleição, era apenas um simulacro até um pouco risível.

1978. Candidatos Figueiredo e outro general. Aí eu já tinha 18 anos, o resto é igual a 74.

1985. Trancredo e Maluf. Eu estava puto da vida. A gente tinha pintado a cara, tinha tomado as ruas, a gente estava cheio de esperança, e o Ulysses (já citado) e o Tancredo transformaram Diretas Já em Indiretas Já. Desdo o começo eles queriam isso, eles puxavam para a Dante de Oliveira. Portanto mais uma vez eu não fui convidado a votar, e mais uma vez eu não votaria mesmo. Detalhe importante: eu já me esguelava contra a corrupção, cujos maiores símbolos eram o Sarney no norte e o Maluf no sul. Não tinha faacebook nem whatsapp e era difícil ser ouvido. Muitos conhecidos meus não me ouviam naquele tempo porque me achavam meio subversivo, e hoje se dizem contra a corrupção da esquerda, ou até identificam corrupção com esquerda. Não sei se querem enganar os outros, enganar a si mesmos, ou se eu não me lembro direito...

1985. Repito o ano porque deu tudo errado, ninguém votou, todos perdemos, e nós ganhamos o Sarney. Quem lia qualquer coisa - pode ser até a veja - sabe como Sarney era o símbolo da corrupção, da formação de quadrilha, do nepotismo e do quadrilhismo que sempre premiou a "governabilidade" e o mdb e seus filhotes pfl, dem e esse do kassab que nem importa o nome, importa o fisiologismo.

1989. Collor e Lula. Eu reconhecia uma farsa quando me era mostrada, e reconheci o collor na época, coisa muito parecida com dória mais tarde e o voldemort agora. Além disso, quem lia um pouco mais que a veja sabia que a quadrilha dele tinha o renan e os farias. No final até a veja deu, na capa, o pcf assassinado pela quadrilha, colocando a culpa na namorada. 

Por outro lado eu não tinha me conformado com a formação do pt. Eu discutia com figuras importantes, como o fhc e o suplicy (não pessoalmente, que não cheguei a ter esse status) que formar o pt tiraria lideranças importantes da sociedade, como artistas e sindicalistas, para colocar ao lado de políticos tradicionais e fazer política tradicional. E particularmente a figura do lula me incomodava, havia algo de falso no personagem que vinha sendo criado. Não, eu não tinha nenhum palpite do que aconteceria a partir de 2005 - não estou me arvorando a isso. Eu só não gostava da criação dos personagens e de tirara gente boa da rua para aparelhar no parlamento.

Era a primeira eleição depois da ditadura, e havia uns 20 candidatos. O eterno Ulysses por exemplo, um Brizola já atenuado pela idade, Enéas, Sílvio Santos, ...

Meu voto foi para o Gabeira, que na época ainda tinha algo de esquerda, e que trazia o PV, que ascendia no mundo. Minha veia ecológica falou mais alto e eu fiz campanha para o Gabeira. No segundo turno votei em branco, com dor no coração (vou colocar neste blog um artigo meu da época, que tem esse titulo).

1989. Repito o ano porque mais uma vez não votamos no mdb e ganhamos um governo do mdb. O pitoresco (prá dizer o mínimo) Itamar pegou o governo depois do afastamento do collor e nossa história agora tem a vergonha alheia de um presidente sem calcinha no palanque (licença poética). Imagino o que diriam dele se fosse mulher - por muito menos Dilma ganhou coros vexatórios em estádios.

1994. FHC, Lula, Quércia, Brizola, Enéas, ... Nesse ano minha diferença com o pt é que eu apoiei o plano real e o pt não apoiou. Como matemático e como analista de sistemas eu fiquei encantado com a saída técnica que foi encontrada. Interessante que o ministro da economia não era o FHC e sim o Ciro!

Votei no Darcy Ribeiro no primeiro turno. Tenho uma fascinação enorme pelo Darcy. Um dos grandes pensadores da nossa história. É pena que ele estava de vice de um Brizola ainda mais abestado que na eleição passada. Acho que votei porque não tinha chance. Se tivesse, o fator Brizola teria falado mais alto.

1998. Pausa para uma observação importante. O presidente não poderia concorrer à reeleição. O Dirceu montou um escritório em um hotel ao lado do congresso e recebeu os deputados com um cheque de 200 mil para cada um que votasse a favor da reeleição. Conseguiu o que queria, e o Lula pôde se reeleger.

Ops, troquei os nomes. Onde se lê Dirceu o correto é Sérgião. Onde se lê Lula o correto é FHC. :-)

1998. Confesso. Não me lembro como votei. Se votei. Mas sei que não votei no FHC nem no Lula.

2002. Lula x Serra. Serra era um engôdo, e Lula preparava uma manobra, a do Lulinha Paz e Amor. Trouxe o João da Coteminas. Adorei e me seduzi pelo Fome Zero. É o tipo da coisa que me seduziria até hoje. Prioridade em cuidar de quem tem fome. Lula fez a carta aos brasileiros. Jurou que seria um amor. Despediu o coordenador do programa, um semana depois da eleição (estou exagerando para ênfase). Votei no Lula. Meu único no voto no pt. Não me envergonho porque era fundamentado. O primeiro governo Lula foi ótimo para o Brasil. Tanto conjunturalmente (todo mundo melhorou) quanto estruturalmente (programas de produção, estímulo da economia, programas sociais, tudo com fundamento e sucesso). Mas... para a reeleição começa o aparelhamento, cujo pivô é Dirceu.

2006. Lula e Alckmin. Alckmin já era a caricatura que é hoje. De Lula eu tinha pedido a prisão em 2005 depois da famosa entrevista em Paris ("caixa dois todo mundo faz"). Na época eu dizia que o partido deveria ser obrigado a se dissolver - e os meninos do mbl não tinham nem saído das fraldas ainda. E hoje vêm me falar em esquerda-direita, oras.

Votei no Christovam no primeiro turno e votei branco - com dor no coração sempre - no segundo.

2010. Acho que fui eu que lancei a campanha "dilma coisa tenho certeza: ela não". Digo: claro que não fui que pensou isso antes de todo mundo, mas eu tinha essa opinião e fiz essa frase, em público, antes de ouvir a frase de qualquer marketeiro. Como em um parágrafo acima, não é que eu já sabia de todas as consequências que viriam - não, eu não tenho essa clareza. É que eu sentia que seria super-arriscado colocar o país nas mãos de uma pessoa só porque foi indicada pelo ex-presidente. Ou seja, seria ruim colocar um poste.

Depois fiquei super-bravo com a insistência no "presidenta". Não porque "ela é uma vaca", como diziam os mais rudes. Não porque "essa palavra não existe no dicionário", com diziam os mais fundamentalistas (até porque a palavra existe). Mas sim porque era se apropriar de uma bandeira correta (direitos e poderes para as mulheres) apenas para melhoria de sua imagem. Não era uma campanha sincera de "empoderamento" (detesto também essa palavra) mas sim um oportunismo barato e - cmo se mostrou muito breve - incorreto do ponto de vista de imagem.

Votei na Marina. Desse voto eu me arrependo. Acho que é o único. Faço outro texto sobre esse assunto e coloco o link aqui, mais tarde.

2014. O governo da Dilma era um caos. O não-ministro Mântega (eu uso acentos onde não existem) deixou um barco sem leme. Eu tinha os piores medos e os piores prognósticos sobre o nosso país. Votei no Eduardo Jorge, que hoje é candidato a vice na Marina - se fosse ao contrário eu estudaria votar.

Dilma foi reeleita. Eu vi o dinheiro sumir do país. Eu literalmente vi. O pregão da bolsa de sp no dia seguinte foi uma loucura. Os computadores não aguentaram o trânsito de informações e "pifaram". Meu sistema pifou: parou de funcionar algumas vezes durante esse dia e eu gastei milhões dái até o carnaval do ano seguinte reformando os programas.

Muita grana voou para o exterior. Uma prova é o monte de programas de repatriamento que o temer promoveu.

Quem não concordou com a eleição sabotou tudo. Não só ficou colocando processos para melar a eleição (até o afastamento) como pegou a bola, levou embora e saiu resmungando "então quero ver vocês jogarem sem mim".

2018. Então não voto no pt, de quem pedi a dissolução desde 2005, não voto no psdb que fez as mesmas coisas que ele mesmo psdb condena no pt, não posso votar em lord voldemort.... nos próximos posts eu explicarei mais

OBS. Este post foi feito "de memória" entre as 23:30 e as 02:00 do dia 22/09 - posso ter me equivocado em alguma lembrança ou pecado pelo esquecimento de algo. :-)







Comentários

  1. Sempre acho que a melhor metáfora para explicar as avaliações políticas é a parábola dos cegos e o elefante. Votei nulo até 1989, votei em Lula sem louvor e sem arrependimento, meus votos foram erráticos, ora sim ora não, em geral na legenda, mesmo assim nem sempre no PT. Nunca com convicção, porque para mim se trata de processo, não de voto. Mas sei que nunca contribuí para o processo - não sou militante, não sou professora. Contudo, estranho o caminho que você fez. A gente na faculdade, você era meu irmão mais velho, o cara que sabia de tudo, o mais ponderado, o mais maduro. Hoje vejo seu ideário e esses comentários, vejo que existe um eixo - esse "contra a corrupção" - que, a despeito do mérito da causa, nunca serviria como eixo estruturante para mim. De novo, a ênfase (o eixo) seria no processo, na participação popular, de baixo para cima, no controle social. O resultado seria o possível, em toda a sua complexidade. Estranho propostas quase prontas, em vez de princípios gerais, no seu ideário. Mesmo quando você coloca a educação aparentemente como eixo, isso vem com um viés "contra a corrupção" ou o que se associou com ela, que é a proposta de tirar o dinheiro público das artes - e como o Estado "daria condição" aos artistas? Mesma coisa quanto aos sindicatos. Fim do imposto sindical, tudo bem, mas não sem transição de um modelo que vigora há 70 anos, a partir de uma ditadura e com outra ditadura no meio, e mais uma reforma trabalhista e decisões do STF que limitam não só a atuação como também o financiamento sindical (e não estou falando do imposto). Então por que isso foi destacado? Quanto a Dilma, nunca gostei dela, assim como detestava o Dirceu, mas acho machista chamá-la de poste e injusta a análise do uso do termo presidenta (oportunista pra ganhar quem?); e desproporcional a pena que ele cumpriu e ainda cumprirá. Você falar em desencarceramento e, ao mesmo tempo, ter pedido a prisão de Lula por caixa 2 é uma contradição que não consigo interpretar. Ainda que seja importante combater a corrupção "que faz parte da cultura", não seria possível, nem desejável, prender todo mundo que considera que sonegação não é um tipo particular de corrupção, e a divulgue quase como programa de autodefesa diante da "alta cobrança de impostos" - o que eu acho que é uma distorção da mesma ordem que aceitar o caixa 2 de partidos. De novo, é um grande processo de mudanças que não se corrigem com medidas extremas, a não ser num contexto de revolução. Teria outras coisas pra dizer sobre esse conjunto, mesmo me identificando com as preocupações com educação. Vejo um cenário idealizado como pano de fundo para certas propostas. Se eu não te conhecesse, pensaria que há uma ingenuidade originária nesse traçado de ideias. Não sendo isso, não sei o que pode ser. Eu me sinto a mais velha, agora.

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